Eu sou o batman e você o superman. Somos que nem aquela peça escangalhada, de quem nossos filhos riem sem dó da risada. Sua mãe, não a minha! Porque minha avó nem cabelo mais pinta, e também, o que você queria daquela péssima tinta? Nossos meninos não sabem fazer direito, e quando voam derrubam tudo. Sem nem fazer meio lisonjeio, apertam com os dentes o braço carnudo. Nossos filhos não riem mais, não se sujam, não se cruzam, não se usam! Mas nossos filhos ainda não brigam!
Somos que nem aqueles vizinhos que se mudaram. Sempre carregando as roupas pro lugar certo. Sempre vivendo de adiar o ferro. Mas aqui nunca chegam móveis novos. Nunca esquecem de cobrar da cara os olhos, nunca relaxam a cintura pra braguilha não abrir. Por isso te peço, meu amigo: me leva daqui!
Deixa que os meninos se virem, eles agora são velhos! Demais somos você e eu, juntos crianças perdidas. Deixe que essas agendas, mesmo antigas, não escondam o calendário. Deixe que o café eu mesmo passo. Deixa, que quando a gente passar por ali, eu os prendo no armário. Não se confunda: eles sempre souberam o que era pilotar, nós é que nunca saímos pra voar. Mas você sabe como faz. Você sabe do que o céu é capaz. E lá nos móveis nunca novos encapada está, por cima da calça num só mafuá. Não se preocupe com esses assuntos! Tá tudo certo que eles ainda ceiam juntos.
Agora me beija a face e levanta! E sai pela porta e me deixa em paz! E some no ar dos homens normais, e finge fugir com meu tosco abençoar, e diz que amigo não é fácil de achar, e luta comigo que é pra gente se amar. Mas, pelo amor do Deus que há, não esqueça da tua fraqueza, e não faz dela toda uma certeza, no que eu te engano, no que eu escureço, no que eu finjo que esqueço: o que sou eu.
Céu de morcego é que nem pescador de papel, que não zarpa bem com o barco por ser leve demais, que não descansa do sonho de um lugar ou cais, que ventasse onde ventasse, nunca viu peixe que flutuasse. Jamais! Tenho andado muito distraído, às vezes esquecendo de me esconder, e em outras, me perdoe dizer, eu me disfarço de você. Só que ninguém a não ser os meninos, e olha que eles estão bem desprotegidos, confunde a com b. E logo agora num c, não tô mais encontrando os perigos, fico achando esses vazios e me deparo com você, que lá de Krypton me vê. E aceno que venha cá, pra num abraço me ensinar, o que batman quer realmente dizer.
Espero, quando te ter assim bem próximo, você lembrando aquele negócio e começando a me chamar de irmão, já poder por fim fazer, o que é de mim melhor em você, soletrando o ditoso de super, que na raiz da palavra revela, e desespera, o que de herói significa solidão.
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