“Joana das vibrações psicodélicas”? Ei, Joana! Venha cá que quero ter uma prosa com a senhorita! Oh, Joana! Minha Joaninha, por que fica saindo por aí sozinha? Não tem medo desses monstros da tevê? Essa mata é alta demais pra você, minha pequena! De mais a mais, não quero você saindo por aí sem minha permissão. É uma ordem agora! Ah menina, você tem horas que parece que é boba. Fica zanzando por aí, sem falar com ninguém, dizendo coisas que o pessoal não entende. Eles ficam de cochicho depois. Esse pessoal daqui não presta! Você é muito bobinha.
Vem cá, por que vai direto pro meio daquela mata suja? Que tem lá pra você fazer que não pode tentar nesse troço que te dei? Quer dizer, que eu e teu pai te compramos. Você não sabe mexer, é isso? Oh! Mas Joana, todo jovem da sua idade sabe usar essas coisas de internet! Se você quer dizer bobagens, faz que nem todo mundo, ora bolas! Seja normal uma vez ou outra! Até seu pai tem esse negócio de iokut, youtubi... Quer que ele te ensine?
Não vai dizer nada?
Vai ficar aí parada sem dizer nada?
Ah não, Joana! Para já de girar! Agora!
Não vai dizer nada?
O mato que é alto não come gente viva, ele adormece nosso espírito com suas vibrações escatológicas de dúvida pacífica e faz nossos pés tremerem de gelo; e quando o orvalho derrete eu tenho um orgasmo atrás do outro, mas não sei se a senhora ou a internet entenderiam o que me faz entrar e sair e fingir que sou doida e tocar palavras que dizem realmente alguma coisa sobre as músicas que existem dentro das pessoas. Por isso, mãe, me perdoe, mas não sei falar normal, não sei o que os outros querem que eu diga sobre o mundo. Não consigo evitar falar, falar, falar, falar, falar, falar e falar em silêncio. Eu vi outro dia um inseto redondinho, com asas vermelhas cheias de pontinhos pretos, e ele voou pra dentro do nariz indo parar bem no dia do meu nascimento – porque nosso cérebro guarda todos nossos anos, sabia? – e ele chegou lá onde fui concebida e sussurrou no seu ouvido: “Ela vai ser Joana!” e você me deu esse nome.
Bubadubadindindecobizaginavinca!
Bu!
Ai, que susto garota! Só pro seu governo, quem escolheu seu nome foi seu pai. Agora senta aí e come direito. E hoje não tem nada de passeio lá fora. Ah, menina! Só você mesmo...